sábado, 10 de setembro de 2011

Habitação é principal desafio de Sendai 6 meses depois do terremoto

Quase seis meses depois do grande terremoto de março, dezenas de milhares de desabrigados continuam sem um teto permanente em Sendai, um problema que segundo a prefeita Emiko Okuyama se transformou no desafio prioritário da cidade.

'Foi uma catástrofe como nunca tínhamos vivido, só em Sendai perdemos mais de 700 cidadãos. Agora, a recuperação da normalidade e a construção de casas para os refugiados é nosso principal objetivo', afirmou à Agência Efe a prefeita, que está há dois anos no cargo.

As imagens do aeroporto de Sendai varrido pelas ondas, com edifícios invadidos pelo lodo e automóveis misturados com restos de aeronaves e barcas foram umas das primeiras a percorrer o mundo e oferecer uma ideia da magnitude da tragédia.

Neste município o terremoto e o tsunami, que adentrou até três quilômetros no interior, deixaram 730 mortos ou desaparecidos, destruiu 21 mil casas e danificaram em diferentes graus outras 117 mil, de acordo com dados oficiais.

Milhares de famílias tentam agora refazer suas vidas nos mais de 9,9 mil apartamentos de proteção oficial e casas pré-fabricadas levantadas no interior.

Embora declare que os refugiados são sua prioridade, Emiko não ocultou sua frustração pela lentidão do Governo na hora de aprovar um orçamento que permita executar projetos para atender os afetados.

'Sem a aprovação do terceiro orçamento complementar (que ainda está sendo negociado no Parlamento) não podemos levar adiante os projetos de recuperação e reconstrução', lamentou.

Esta incerteza se reflete entre os próprios desabrigados, que esperam há meses que as autoridades deem informação sobre seu futuro, uma vez que a lei estabelece que as casas temporárias só podem ser utilizadas por dois anos.

'Psicologicamente, nesta situação necessitamos que nos digam algo concreto', disse à Efe Kimio Ohashi, porta-voz dos desabrigados no novo bairro temporário de Arai, a quatro quilômetros de onde sua antiga casa foi tragada pelo mar.

Este bairro foi inaugurado no dia 26 de junho e abriga 382 evacuados, a maioria antigos moradores de Ohashi, que peregrinaram por vários refúgios antes de atracar aqui.

Kimio, de 68 anos, conta com calma como naquele dia de março a onda negra do tsunami cobriu todo o bairro, mas ele conseguiu se refugiar junto com outras 300 pessoas no terraço de uma escola primária, onde após uma noite de angústia foram resgatados por helicópteros.

A prefeita de Sendai considera quase impossível que estes desabrigados retornem a seu antigo bairro já que este se localiza a apenas 100 metros do litoral.

Na antiga vizinhança se amontoam agora de forma ordenada cerca de 1,4 toneladas de escombros e levará muito tempo para recuperar o terreno para cultivos diante do custo e das dificuldades para dessalinizá-lo.

Atualmente, Sendai estuda criar em 23 hectares arrasados da área litorânea uma 'cidade ecológica', que, segundo a imprensa local, integraria tecnologias e energias alternativas de empresas como Hitachi e Sharp.

Após retirar os escombros, a expectativa é criar já em 2012 um bairro auto-suficiente, que utilizaria a técnica da hidroponia para os cultivos sem necessidade de dessalinizar a região, e recorreria à energia solar para produzir 200 toneladas de vegetais por ano.

O objetivo é que a agricultura 'não apenas volte aos níveis de antes do desastre, mas vá além. Com a onda de livre-comércio, devemos aumentar a produtividade do mercado', destacou a prefeita, lembrando que só em Sendai o tsunami destruiu 1,8 mil hectares de cultivos.

Além do problema das casas, Emiko Okuyama considerou também 'fundamental' recuperar o emprego, afetado pelo fechamento temporário ou definitivo de muitas fábricas da região.

No domingo se completam seis meses da pior tragédia sofrida pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial, que deixou 20 mil mortos ou desaparecidos, danos milionários e uma crise nuclear ainda aberta.
Fonte: G1 com Agência EFE

Nenhum comentário: