sábado, 5 de novembro de 2011

Casaco e comida quente no inverno para economizar energia no Japão

Limitar o uso de calefatores elétricos, usar agasalhos e ingerir pratos quentes são as recomendações que o Governo do Japão emitiu nesta terça-feira como parte da campanha nacional 'Warm biz' para economizar energia no outono e no inverno.

A iniciativa, em vigor até 31 de março, também pede que a temperatura em casas e escritórios não passe dos 20 graus centígrados, para conscientizar à população da necessidade de economizar eletricidade diante da possível escassez energética no Japão.

O arquipélago, ainda em plena crise nuclear pelo acidente de Fukushima Daiichi em março, mantém parados cerca de 80% dos 54 reatores atômicos do país, por segurança e por revisões rotineiras, o que motivou a campanha para um consumo responsável de energia.

O Governo japonês deseja que 70% dos escritórios e fábricas japonesas possam aderir à campanha invernal de economia de eletricidade, na qual se recomenda, entre outras medidas, comer tubérculos e outros alimentos calóricos, fechar janelas e usar casacos.

'Warm biz' é a continuação da campanha estival denominada 'Super cool biz', na qual o Governo japonês encorajava aos trabalhadores a substituir os paletós e gravatas por calças jeans e camisetas de manga curta para reduzir o uso de ar condicionado nos escritórios.

Esta campanha foi realizada pelo governo para reduzir o consumo de casas e empresas em 15%, e evitar cortes inesperados da provisão por causa da crise nuclear.

Neste último verão japonês, pela primeira vez na história do país, a indústria automobilística funcionou nos fins-de-semana, quando o consumo é geralmente menor, o transporte público reduziu sua frota e outras empresas modificaram seus horários para começar mais cedo a jornada de trabalho.

Embora este tipo de campanhas seja frequente no país desde 2005, agora são mais urgentes devido ao fechamento das centrais atômicas, que obrigaram aumentar o ritmo das usinas térmicas e buscar fontes de energia alternativas.

As lojas de roupa estão lucrando com o 'Warm biz', que faz com que os japoneses comprem mais roupas de frio e também mais informais.

O êxito da campanha de verão deixou claro que muitos trabalhadores, obrigados a se vestir com o traje rígido dos escritórios japoneses, agradeceram deixar a gravata e o paletó em casa.

Nesses calorosos meses de verão as ruas, bancos e lojas de Tóquio se encheram de trabalhadores com manga curta e cartazes se desculpando pela aparência 'descuidada' em virtude da poupança energética.

'Me senti muito confortável levando só uma camisa pólo ao escritório este verão e também quero usar roupa informal no outono', disse um funcionário de 52 anos ao jornal econômico 'Nikkei'.

Segundo a empresa têxtil japonesa Fabricant, que comercializa no Japão marcas como Lacoste, as vendas no outono de pólos invernais aumentaram 10% em relação ao ano passado, e espera-se que continuem assim durante os meses mais frios.

Outras companhias, como a japonesa Edwin, asseguram que as vendas de calças informais de inverno também cresceram, e espera-se que aumentem 60% até novembro nestes meses de economia energética.

A empresa japonesa Uniqlo, referência em roupa informal, adiantou para julho o lançamento de suas novidades térmicas ao prever que as restrições energéticas fariam de sua engenhosa roupa de inverno um dos produtos mais vendidos no Japão.

Em algumas regiões, o Governo foi além das recomendações do 'Warm biz', estabeleceu um objetivo em números para a poupança energética.

As autoridades pedem às zonas de Kansai (centro) e Kyushu (sul) que reduzam 10 a 5% seu consumo de eletricidade este inverno, uma limitação que desta vez não afeta os moradores de Tóquio, a província mais povoada do país, para minimizar o impacto da restrição na economia.
Fonte: G1 com EFE

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