Medições feitas por satélite mostram que o país inteiro se moveu, se esticando para leste: de 1 centímetro no sul até 5 metros no nordeste.
O terremoto que sacudiu violentamente o Japão violentamente no mês de março teve consequências permanentes para o país, além da tragédia humana e do acidente nuclear provocado em seguida pelo tsunami. É o correspondente Roberto Kovalick quem conta.
Serão necessários três anos para apagar as marcas do tsunami. Outra mudança será para sempre: o terremoto de dois meses atrás fez cidades como Ishinomaki saírem do lugar que ocupavam no planeta.
Medições feitas por satélite mostram que o país inteiro se moveu, se inclinando para leste: de 1 centímetro no sul até 5 metros no nordeste.
Foi nesse local o epicentro do terremoto, no encontro de duas placas que formam a crosta terrestre. Elas se expandiram, como se fossem borracha esticada, ficaram mais finas, fazendo parte do país afundar.
A região do país mais atingida afundou 1,2 metro. Duas vezes por dia, os moradores têm a prova visual de que, antes do terremoto, o solo estava bem mais alto: quando a maré sobe, a cidade alaga. Uma parte da cidade está agora abaixo do nível do mar.
A água sobe, em geral, de madrugada e no fim da tarde. Botas se tornaram o calçado de todos os dias e as bicicletas também ajudam. Casas que resistiram ao terremoto e ao tsunami foram abandonadas porque são constantemente invadidas pela água.
Uma moradora mostra no muro onde a água já chegou e diz só continua aqui porque está vivendo no segundo andar da casa. A prefeitura instalou sacos de areia, sem muito resultado. O jeito será construir diques ou aterrar parte da cidade para que ela volte à altura de antes.
Há algo ainda mais preocupante: segundo o instituto de pesquisas de terremotos da Universidade de Tóquio, a região que afundou está mais exposta a ondas gigantes. O professor Yosuke Aoki explica que as placas ainda estão muita forte tensão, o que deve provocar um novo terremoto forte e um novo tsunami. “Isso deve acontecer em um prazo de trinta anos”, prevê o cientista.
Fonte: Jornal Nacional
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