quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Os eventos anuais e sua origens

Nipônicos festejam acontecimentos característicos de cada estação.
O calendário de eventos anuais do Japão é uma das maneiras de se perceber como os japoneses valorizam a tradição. Com isso, distingue-se as comemorações anuais em dois grupos: o kokumin no shukujitsu (feriados nacionais) e o nenchugyôji (calendário de eventos anuais). Este, mais cultural, abrange desde os eventos comuns no mundo inteiro, como o ano-novo (Oshogatsu), Dia das Crianças (Tango no Sekku), Finados (Obon), até os mais característicos nipônicos, como o Tanabata, o Shichi-go-san, Hana matsuri, entre outros.
Algumas comemorações do calendário nenchugyôji remontam aos tempos antigos, como o Tanabata (Festival das Estrelas). De origem chinesa, esse festival já participava do calendário de eventos da Era Heian (794~1185). Outra comemoração realizada no passado, mas que, com o passar do tempo, ficou restrita ao mês de fevereiro, é o setsubun. Antigamente, o setsubun (Cerimônia para semear grãos de soja) marcava a passagem das estações do ano, porém, atualmente, marca somente a chegada da primavera. Além dessa, o Tango no Sekku (Dia das Crianças) também remonta à Antiguidade e, embora seja considerado o Dia das Crianças hoje, era, a princípio, voltado apenas para os meninos. Entretanto, o símbolo continua o mesmo: na referida data, costuma-se hastear os koinobori (flâmulas de papel ou pano em forma de carpa), confeccionados pelas famílias que possuem um menino, representando sorte e boa saúde aos garotos. Escolheu-se a carpa devido à sua capacidade de vencer obstáculos naturais.
A maioria dos eventos anuais está ligada à admiração dos japoneses pela natureza. Com estações do ano bem definidas, o seu povo costuma festejar um acontecimento característico de cada estação.

JANEIRO – 1º/1
Oshogatsu: é com a saudação “Shin’nen akemashite omedetou gozaimasu” que os japoneses celebram o oshogatsu, isto é, o ano-novo. Neste dia, os correios entregam os nengajô (cartões de felicitação) a seus destinatários, os pais entregam aos filhos os otoshidama (presente em dinheiro) e são preparadas comidas típicas como o ozouni. Na virada do ano-novo as famílias fazem o hatsumôde, isto é, a visita a um templo xintoísta ou budista durante o ano-novo.

FEVEREIRO – 3/2 ou 4/2
Setsubun: dizendo a frase “Fuku wa uchi! Oni wa soto!” os japoneses simbolicamente semeiam grãos de soja no interior das residências para afugentar os maus espíritos e chamar a boa ventura. A tradição remonta a um hábito da família imperial chamada tsuina, que ocorria na véspera do equinócio de primavera. Atribui-se ao vigor da soja, que cresce rapidamente, o poder de espantar os maus espíritos.

MARÇO – 3/3
Hina Matsuri: também chamado de momo no sekku, o hinamatsuri (Festival das Bonecas) é a data festiva para pedir o crescimento saudável e feliz das filhas. Na Era Heian, as famílias da nobreza japonesa iniciaram a prática do nagashibina, isto é, faziam bonecas simples e as depositavam nos rios e nos mares, pedindo que levassem consigo as doenças e os males que estivessem destinados às meninas. Entretanto, as crianças da família imperial passaram a brincar com bonecas mais elaboradas que, em pouco tempo, tornaram-se tão complexas que começaram a enfeitar os aposentos. A partir da Era Edo são montados os hinadan, estrados com vários andares sobre os quais são dispostas as bonecas.

ABRIL – Início de abril
Ohanami: uma das árvores mais tradicionais do Japão é o sakura, (cerejeira), cujas floradas são apreciadas pelos japoneses. Para tanto, há até um calendário oficial com a previsão da floração em cada região do país. Esse costume também surgiu na Era Heian, quando os nobres se reuniam sob as cerejeiras para compor poemas e cantar. Essa tradição chegou à população durante a Era Edo e, desde então, são realizados piqueniques e eventos diversos sob a “chuva de pétalas de sakura”. Nesta mesma época, no dia 8 de abril, é comemorado o aniversário de Buda (hana matsuri).

MAIO – 5/5
Tango no Sekku: este festival, conhecido como Dia das Crianças, era realizado exclusivamente para pedir o crescimento saudável dos filhos do sexo masculino, mas após a Segunda Guerra Mundial, ganhou conotação mais ampla. Na Antiguidade, esta data era comemorada na China como o dia da prevenção contra os males. Como parte dos rituais, eram colhidos os shôbu (iris laevigata) para se preparar banhos aromáticos. No Japão feudal, esse costume ganhou maior importância porque o nome dessa planta, em japonês, tem o mesmo som da palavra “batalha”. Assim, os samurais acreditavam que as folhas desse vegetal trariam vitória e sorte.

JUNHO – 1º/6 e 1º/10
Koromogae: conforme a mudança climática, hoje, os dias 1º de junho e 1º de outubro, são as datas para a troca de roupas e uniformes dos japoneses, com modelos de verão e de inverno. Na Antiguidade japonesa, os quimonos de verão eram vestidos a partir do dia 1º de abril; e os de inverno, a partir do dia 1º de outubro. Já na Era Edo, a data passou a ser 9 de setembro. Ainda hoje, o koromogae pode ser visto na troca dos uniformes de estudantes, bancários, motoristas de ônibus, policiais, etc.

JULHO – 7/7
Tanabata: conhecido como “Festival das Estrelas”, tem sua origem na celebração do deus da água (Mizu-no-Kami) no dia 7 de julho. Nesta data, as tecelãs chamadas de tanabatatsume dedicavam-se a tecer, por uma noite a fio, um pano como oferenda para proteção contra doenças. Na China, na mesma data, acontecia algo semelhante. As tecelãs pediam habilidade na tecelagem e no bordado à estrela tecelã Vega, separada pela via-láctea de seu amante Altair. Essas estrelas só podem ser vistas juntas no Hemisfério Norte na noite de 7 de julho. Na Era Edo iniciou-se o costume de escrever poemas e pedidos nos cartões chamados tanzaku, que são pendurados em ramos de bambu.

AGOSTO – 13 a 15/8
Obon: O discípulo de Buda chamado Mokuren tinha o poder de vislumbrar o mundo dos mortos, onde descobriu a condição sofrida por sua mãe. Ele consultou Buda, que o instruiu a reunir um grande número de monges para fazer a maior oferenda possível a fim de salvá-la. Mokuren teria iniciado a dança que ficaria conhecida como Bon Odori, tornando-se o principal culto aos antepassados. Entre os dias 13 e 15 de agosto, acende-se o fogo sagrado (mukaebi) em frente às residências ou às margens dos rios para acolher as almas.

SETEMBRO – Fim do mês
Otsukimi: No fim do mês de setembro, a lua apresenta-se ainda mais pujante no Hemisfério Norte. Em agradecimento às boas colheitas, os japoneses ofereciam os frutos do penoso trabalho no campo à lua. Porém, o otsukimi não se restringia aos camponeses. A família imperial também apreciava a lua, enquanto seus membros cantavam ao som do koto e do shakuhachi.

OUTUBRO
Kaminazuki: o mês de outubro é conhecido pela ausência de divindades. Segundo a tradição xintoísta, neste mês, os deuses se reúnem no Grande Santuário de Izumo, sudoeste do Japão, dedicado à divindade Ôkuninushi-no-Mikoto e, por isso, não há motivo para festividades.

NOVEMBRO – 15/11
Shichi-go-san: é a visita aos santuários xintoístas das crianças de 3, 5 e 7 anos, em agradecimento pelo crescimento até então saudável, pois, antigamente, a taxa de mortalidade infantil era alta. Na Era Edo, o shichi-go-san passou a ser reconhecido como um ritual de passagem.

DEZEMBRO – 31/12
Toshikoshi: é a comemoração do último dia do ano. Nesta data se faz o ôsôji, isto é, a limpeza das casas japonesas. Este ritual também é chamado de susuhaki. São preparadas as refeições típicas da véspera do ano-novo.

fonte: http://www.zashi.com.br/zashi_culturatradicional

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